Queimaduras: o que são, severidade e como tratar?

Queimaduras

Entender o que são as queimaduras, bem como seus agentes causadores e severidade, são fatores extremamente importantes para garantir uma atenção primária eficaz e um tratamento adequado. Continue lendo para entender mais sobre as lesões causadas por fonte de calor e como é feita a sua classificação, de acordo com a severidade.

O que são queimaduras?

Por definição, as queimaduras são “lesões dos tecidos orgânicos em decorrência de trauma de origem térmica resultante da exposição ou contato com chamas, líquidos quentes, superfícies quentes, eletricidade, frio, substâncias químicas, radiação, atrito ou fricção”¹. Portanto, tratam-se de lesões causadas por diferentes fontes de calor.

As queimaduras são responsáveis por onerar serviços de saúde em todo o mundo, especialmente em países de baixa renda. Ao redor do globo, anualmente, 11 milhões de pessoas precisam de atendimentos médicos relacionados a queimaduras e, as pessoas mais afetadas por esse problema, geralmente estão nos extremos das idades, ou seja, ou são idosos, ou são crianças³. Considerando a magnitude desse problema, é fundamental abordá-lo corretamente, ressaltando e divulgando a importância da prevenção, métodos para garanti-la e, também, aplicando as diretrizes adequadas de tratamento quando a prevenção não for o suficiente para impedir a ocorrência das queimaduras.

Nesse sentido, um dos fatores mais importantes para garantir um tratamento adequado é saber avaliar a queimadura para determinar corretamente a sua severidade e, de acordo com isso, aplicar o tratamento mais adequado.

Quais fatores determinam a severidade de uma queimadura?

Muito se engana quem acha que o único fator para classificar a severidade de uma queimadura está relacionado ao grau, ou seja, profundidade, da lesão. Apesar de esse ser um ponto importantíssimo a ser destacado, existem muitos outros que merecem atenção. São eles:⁵

  • Grau, referente a profundidade e quantidade de tecido perdido;
  • Área atingida, ou seja, porcentagem de superfície corporal queimada;
  • Idade do indivíduo;
  • Localização da queimadura no corpo;
  • Causa da queimadura.

Além desses pontos principais, também é preciso se atentar a:

  • Inalação de gases tóxicos ou fumaça;
  • Existência de outras lesões traumáticas;
  • Condições pré-existentes, como problemas de coração, diabetes e outros.

A partir desses fatores, é possível determinar se o indivíduo é um queimado de pequena, média ou grande gravidade, como veremos com mais detalhes a seguir.

O que é considerado um Queimado de Pequena Gravidade?

De forma geral, o queimado de pequena gravidade é classificado quando há um episódio de queimadura de primeiro grau, independente da idade. Também podem ser enquadradas nessa categoria as queimaduras de segundo grau, quando atingem crianças menores de 12 anos e com área corporal de até 5%; ou, ainda, queimaduras de segundo grau, que atingem indivíduos maiores de 12 anos com área corporal de até 10%.¹

O que é considerado um Queimado de Média Gravidade?

São considerados queimados de média gravidade crianças menores de 12 anos, com queimaduras de segundo grau com área corporal atingida entre 5% a 15% ou, ainda, indivíduos maiores de 12 anos com queimaduras de segundo grau com área corporal atingida entre 10% a 20%.¹

Além disso, queimaduras de segundo grau que atinjam as seguintes áreas, em qualquer idade, também são consideradas de média gravidade:¹

  • Mão;
  • Pé;
  • Face;
  • Pescoço;
  • Axila;
  • Grandes articulações, como cotovelo, punho, joelho ou tornozelo.

Por fim, também são classificadas nessa categoria as queimaduras de terceiro grau em crianças de até 12 anos, com até 5% da área corporal atingida, que não envolvam face, mão, pé ou períneo; e, por fim, queimaduras de terceiro grau em indivíduos maiores de 12 anos, com até 10% da área corporal atingida, que não envolvam face, mão, pé ou períneo.¹

O que é considerado um Queimado de Grande Gravidade?

São considerados queimados de grande gravidade, primeiramente, quaisquer indivíduos atingidos por corrente elétrica. Além disso, crianças menores de 12 anos, com queimaduras de segundo grau e área corporal atingida maior do que 15% e, também, pessoas com mais de 12 anos com queimaduras de segundo grau e área corporal atingida maior do que 20%.¹

Também se enquadram nessa categoria as ocorrências de queimaduras de terceiro grau em crianças menores de 12 anos, com área corporal atingida maior do que 5%; ou, ainda, em indivíduos com mais de 12 anos com área corporal atingida maior do que 10%.¹

Por último, indivíduos de qualquer idade com queimaduras de segundo ou terceiro grau que atinjam o períneo e queimaduras de terceiro grau que atinjam a mão, pé, face, pescoço ou axila, também em qualquer idade.¹

Além disso, existem fatores adjacentes que, se presentes, também caracterizam grande gravidade. Alguns deles são:

  • Lesão inalatória;
  • Fratura óssea;
  • Trauma craniano;
  • Choque;
  • Insuficiência renal ou cardíaca ou hepática;
  • Diabetes;
  • Distúrbios da coagulação e hemostasia;
  • Embolia pulmonar;
  • Quadros infecciosos graves.

Considerando tais informações, é possível definir a severidade das queimaduras e, a partir disso, aplicar o atendimento primário mais adequado.

Como deve ser o atendimento primário à queimaduras?

Para queimados de pequena e média gravidade, o atendimento primário deve ter como foco o gerenciamento da dor e o tratamento local, que inclui:

  • Limpeza;
  • Desbridamento;
  • Uso de coberturas;
  • Agentes antimicrobianos.

Já para queimados de grande gravidade, o atendimento primário consiste em uma abordagem similar a qualquer paciente com trauma, com uma maior ênfase nas vias aéreas e respiração. Sendo assim, as feridas decorrentes de queimaduras não devem desviar a atenção dos profissionais da seguinte sequência de avaliação, do contrário, outras lesões graves associadas podem passar despercebidas:²

  • A (airway) – Manutenção das vias aéreas com controle da coluna cervical: É necessário verificar se as vias aéreas estão comprometidas ou em risco. Além disso, a coluna cervical deve ser verificada e protegida, a não ser que, definitivamente, ela não esteja lesionada.
  • B (breathing) – Respiração e ventilação: pacientes queimados devem receber oxigênio através de uma máscara. É importante verificar se existem problemas respiratórios, ou seja, qualquer lesão que afete o sistema respiratório abaixo das cordas vocais.
  • C (circulation) – Circulação e estado cardíaco: é preciso estabelecer o acesso intravenoso, de preferência em áreas não queimadas. Além disso, a circulação periférica deve ser verificada.
  • D (disability) – Déficit neurológico: pacientes queimados devem ser avaliados de acordo com a escala de coma de Glasgow, que verifica o nível de consciência.
  • E (exposure) – Exposição e controle da temperatura: é preciso verificar todo o corpo do paciente para estimar a área da queimadura e identificar lesões adjacentes.
  • F (fluids) – Ressuscitação volêmica: o regime de ressuscitação deve ser definido e, a partir disso, fazer a administração intravenosa de fluidos para melhorar a perfusão tissular.

Por último, é importante ressaltar que, globalmente, a incidência de mortalidade relacionada à queimaduras é de 18%⁴. Os dados sobre o tema são alarmantes e evidenciam a importância da prevenção e do tratamento adequado. 

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Ref.:
  • Queimaduras: Diagnóstico e Tratamento Inicial – Projeto Diretrizes. Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica. Associação Médica Brasileira e Conselho Federal de Medicina¹
  • ABC of burns: Initial management of a major burn: I—overview. HETTIARATCHY, Shehan; PAPINI, Remo. The BMJ (British Medical Journal)²
  • Opriessnig E et al. Epidemiology of burn injury and the ideal dressing in global burn care – Regional differences explored. Burns ⁴

Jeschke, M.G., van Baar, M.E., Choudhry, M.A, et al. Burn injury. Nature reviews Disease primers. Disponível em: https://doi.org/10.1038/s41572-020-0145-5

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