Entenda os perigos das Skin Tears

Skin Tears

As Skin Tears ainda não recebem a devida atenção nos serviços de atendimento à saúde, contudo, cada vez mais fica claro que a falta de cuidados adequados com essas lesões pode causar grande sofrimento aos pacientes e onerar as instituições de saúde. Continue lendo para saber mais sobre as Skin Tears e entender os perigos que elas representam.

O que são as Skin Tears?

As Skin Tears são feridas agudas que possuem alto risco de se tornarem feridas de difícil cicatrização complexas, principalmente se não tratadas corretamente. O ISTAP (International Skin Tear Advisory Panel), órgão internacional que tem como propósito melhorar a avaliação, prevenção e tratamento de Skin Tears, definiu esse tipo lesão como “uma ferida traumática causada por forças mecânicas, incluindo a remoção de adesivos. A gravidade pode variar de acordo com a profundidade (não se estendendo através da camada subcutânea)”. ¹

Ainda de acordo com o órgão, é possível classificar as Skin Tears em três diferentes tipos: ¹

  • Tipo 1: Sem perda de pele;
  • Tipo 2: Perda parcial do retalho;
  • Tipo 3: Perda total do retalho.

Apesar de ser um problema que merece grande atenção, ainda existem poucas evidências publicadas e orientações completas sobre as Skin Tears. Por isso, muitas vezes elas são mal diagnosticadas e administradas de forma incorreta, o que pode causar o aumento da dor, infecção e atraso na cicatrização, representando um problema significativo para os pacientes e os profissionais de saúde que os tratam. ¹

Características gerais

De forma geral, as Skin Tears ocorrem com mais frequência em pacientes idosos, com mais de 65 anos de idade, em ambientes de cuidados de saúde como hospitais, em casas de repouso, ou, até mesmo, em residências. Embora essas lesões possam ocorrer em qualquer região do corpo, as localizações anatômicas mais comuns das Skin Tears são: ²

  • Extremidades superiores como dorso das mãos, bíceps, cotovelo e antebraço (73 à 80%);
  • Parte inferior das pernas (20%);
  • Apenas 5% ocorre no restante do corpo.

Já quanto as causas, essas feridas agudas geralmente são ocasionadas por traumas por pressão, como golpes contra objetos (44%), quedas (12%) juntamente com trauma associado às atividades cotidianas (20%). ³

Além disso, é comum que o paciente tenha várias Skin Tears e não apenas uma única, e condições crônicas e saúde debilitada são alguns dos fatores de risco, que exploraremos mais a fundo em outra sessão deste artigo. ²

Portanto, também é importante citar que, apesar da população mais afetada serem os idosos, os recém-nascidos, população pediátrica e pacientes nos serviços de urgência também são suscetíveis à Skin Tears. Ademais, pacientes em cuidados paliativos e, ainda, com deficiência visual parcial ou completa também são vulneráveis. ³

Fatores de Risco

Apesar de ainda existirem aspetos desconhecidos acerca dos fatores de risco para as Skin Tears, algumas condições são reconhecidas como prováveis aspectos que contribuem com o desenvolvimento dessas feridas:³

  • Quedas;
  • Nutrição inadequada;
  • Consumo múltiplo de medicamentos (polifarmácia);
  • Uso de dispositivos médicos;
  • Remoção de fitas ou curativos;
  • Aplicação e remoção de meias elásticas;
  • Realização de exames de sangue;
  • Skin Tears cicatrizadas anteriormente;
  • Incapacidade de reposição autônoma independente;
  • Presença de contusões e/ou hematomas.

Além dos fatores citados, existem outras categorias de risco que precisam ser consideradas, pois podem influenciar na ocorrência dessas lesões: ¹

  • Saúde geral: presença de comorbidades, desnutrição e cognição prejudicada (sensorial, visual e auditiva);
  • Questões de mobilidade: histórico de quedas, mobilidade prejudicada, trauma mecânico e dependência para realizar atividades diárias;
  • Condição da pele: extremos de idade (ou seja, pele frágil de idosos ou recém-nascidos), pele seca e lacerações anteriores.

Dentro das categorias e fatores citados, os que representam risco mais alto são:¹

  • Deficiência visual;
  • Mobilidade prejudicada;
  • Dependência para realizar atividades diárias;
  • Extremos de idade;
  • Histórico de traumas anteriores.

Considerando assim os fatores citados, é importante ressaltar também que existem medidas de prevenção que precisam ser aplicadas ao reconhecer pacientes de risco. Conheça quais são elas a seguir. ¹

Prevenção das Skin Tears

As principais medidas de prevenção das Skin Tears incluem: ¹

  • Criar um ambiente seguro, usando acolchoamento de equipamentos, garantindo a iluminação adequada e removendo o excesso de móveis;
  • Reduzir ou eliminar a pressão, cisalhamento e fricção usando dispositivos de alívio de pressão e técnicas de reposicionamento;
  • Garantir a nutrição e hidratação adequada;
  • Hidratação da pele para contribuir com a redução da incidência de lacerações;
  • Indicar o uso de roupas de mangas compridas;
  • Educar pacientes e cuidadores sobre os principais cuidados com a pele;
  • Usar técnicas corretas de movimentação e manuseio de acordo com a protocolo local;
  • Implementar um Programa de Redução de Risco de Lesão por fricção. 

Além das medidas citadas, outra bastante relevante é aplicar curativos não aderentes, que além de pouparem os pacientes de dor, ainda ajudam a proteger a pele, evitando novos traumas e danos ao tecido intacto ao redor da lesão. ¹

Perigos das Skin Tears

Por muito tempo, a comunidade de cuidados com a saúde em geral ignorou e negligenciou o significativo impacto clínico e os elevados custos associados às Skin Tears. Por isso, por muitos anos elas não foram devidamente investigadas, documentadas e tratadas. Felizmente, esse cenário está mudando e cada vez mais elas têm recebido maior atenção, muito devido à criação do International Skin Tear Advisory Panel (ISTAP), que trouxe bastante reconhecimento para o tema, bem como o aumento da disponibilidade de curativos específicos para o tratamento deste tipo de feridas, com camadas de aderência gentis que não causam traumas para a pele. ²

Nesse sentido, vale citar que a taxa de incidência de Skin Tears chega a 15,5% entre pacientes com mais de 65 anos e, apesar das estimativas de prevalência diferirem em todo o mundo, tornando difícil avaliar o seu impacto, estudos recentes sugerem que as Skin Tears ocorrem com mais frequência do que lesões por pressão. Além disso, também é estimado que, no futuro, a incidência de Skin Tears se tornará um dos maiores problemas no tratamento de feridas, principalmente devido ao crescimento da população idosa. ¹

Portanto, conclui-se que os cuidados com Skin Tears é um tema que merece atenção especial pois, além de causarem sofrimento em pacientes e onerarem os serviços de saúde atualmente, estimativas sugerem que, com o passar dos anos e aumento da longevidade da população, há grandes chances de aumento nos casos, o que irá representar um grande empecilho para os sistemas de saúde.

Ref.:
  • 1 Tratando Skin Tears: É tudo uma questão de resultado – Mölnlycke. Disponível em: https://www.molnlycke.com.br/SysSiteAssets/risk-assessment-and-consensus-reports/material-skin-tear.pdf ¹
  • 2  Bryant, R. A. Types of Skin Damage and Differential Diagnosis In Bryant, R.A., Nix D.P., editors: Acute and Chronic Wounds: Current Management Concepts, ed 5, St. Louis 2016, Elsevier. 
  • 3 Lesões por Fricção (Skin tears) – Mölnlycke. Disponível em: https://www.molnlycke.com.br/educacao/areas-terapeuticas/skin-tears/lesoes-por-friccao/ ²

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