O que são Úlceras Venosas?

As Úlceras Venosas representam um grande empecilho para profissionais de saúde, pacientes acometidos e sistemas de saúde em geral. Confira o artigo para saber mais sobre esse tipo de lesão e entender a extensão de seu impacto!

O que é Úlcera Venosa?

As Úlceras Venosas são feridas de difícil cicatrização que têm como principal causa a Insuficiência Venosa Crônica (IVC), que ocorrem abaixo dos joelhos, normalmente, em face medial e porção distal da perna. Elas representam um grave problema de saúde no mundo inteiro, principalmente devido ao seu caráter crônico e a sua prevalência, e oneram serviços de saúde, requerendo gastos constantes, tanto relacionados com o tempo de profissionais, quanto com insumos utilizados no tratamento.

À medida que a expectativa de vida cresce e a população envelhece, essa condição, assim como muitas outras, irá representar desafios cada vez mais tortuosos para organizações de saúde, aumentando os custos e as demandas por atendimentos.

Sendo assim, compreender o que são as Úlceras Venosas e qual é o tratamento adequado é fundamental para que seja possível otimizar cada vez mais os cuidados com esse tipo de lesão e desenvolver estratégias que visem possibilitar o atendimento a um número cada vez maior de pessoas. 

Qual é a causa das Úlceras Venosas?

Quanto à etiologia, ou seja às origens da úlcera venosa, os consensos nos trazem que a insuficiência venosa crônica (IVC) e a hipertensão venosa são as principais causas, sendo responsáveis por aproximadamente 80% das úlceras na perna.

A IVC é uma doença venosa que tem como principais fatores desencadeantes a falha das válvulas da veia e o mau funcionamento da bomba muscular da panturrilha. Essas válvulas são responsáveis por regular o fluxo sanguíneo e têm um sentido único de abertura, permitindo que o sangue flua efetivamente pela veia e retorne ao coração. Este fluxo também é auxiliado pela ação da bomba muscular da panturrilha, que é responsável pela pressão nos músculos da região, ajudando a comprimir levemente as veias. Quando um desses fatores falha ou não funciona como deveria, ocorre o “acúmulo de sangue” e dilatação das veias nos membros inferiores, ocasionando também uma hipertensão venosa.

Além disso, a insuficiência venosa crônica também pode causar obstrução venosa, como por exemplo, com a coagulação do sangue. Isso faz com que a drenagem venosa seja prejudicada, o que também contribui para a hipertensão venosa crônica. Essas alterações provocam um conjunto de sinais e sintomas na pele como:

  • Edema (inchaço causado pelo acúmulo de líquido);
  • Capilares (varizes e vasinhos) visíveis em volta do tornozelo;
  • Hiperpigmentação (escurecimento da pele) provocada por depósito de hemossiderina (pigmento marrom);
  • Lipodermatosclerose (endurecimento da pele e tecido subjacente);
  • Eczema de estase (inflamação da pele na parte inferior das pernas, decorrente da estagnação do sangue e/ou líquidos);

Esses sinais clínicos são usados para o diagnóstico da insuficiência venosa crônica. 

Além disso, existem alguns fatores que aumentam o risco de desenvolvimento dessas feridas, como por exemplo, hereditariedade, obesidade e idade avançada. Vale destacar, também, que nem todas as pessoas com problemas venosos terão uma Úlcera, mas todas as pessoas com Úlcera Venosa terão sinais e sintomas de doença venosa.

Ademais, além de ocasionar as Úlceras Venosas, a IVC também é responsável por sua cicatrização tardia e recidiva, ou seja, pelo reaparecimento das lesões mesmo após elas cicatrizarem. Portanto, além de tratar as feridas em si, também é muito importante cuidar dos fatores responsáveis pela insuficiência venosa crônica, orientando o paciente quanto às mudanças necessárias no estilo de vida para evitar que as Úlceras continuem a aparecer, afinal, cerca de 70% das pessoas que estão em risco sofrem com a recidiva dessas feridas.

Qual é o impacto econômico das Úlceras Venosas?

Infelizmente, não existem muitos dados e estudos amplos disponíveis sobre o impacto econômico das Úlceras Venosas no Brasil, mas, podemos comentar dados internacionais para trazer à tona a grande repercussão financeira que esse problema tem nos serviços de saúde.

No Reino Unido, estima-se que o Serviço Nacional de Saúde gaste cerca de £400 milhões anualmente com as Úlceras Venosas. Grande parte desse valor deve-se aos serviços de enfermagem na comunidade, visto o caráter crônico das feridas que demandam cuidados constantes.

Estudos sobre os cuidados e observações ao longo dos anos verificaram que as Úlceras Venosas têm uma maior probabilidade de cura se os pacientes puderem ser admitidos no hospital para que seja feita a aplicação de um conjunto de medidas que irá garantir a cicatrização e, claro, para que o paciente seja educado quanto aos cuidados fundamentais para evitar recidivas. Contudo, a internação contínua para o tratamento da Úlcera não é viável por diversas razões, incluindo custos elevados, ocupação de leitos, a importância de manter a independência de pacientes, entre outros.

Por isso, além de cuidar da ferida, aplicando diretrizes e soluções adequadas, é preciso também educar o paciente para o autocuidado, considerando as particularidades pertinentes à doença venosa e, também, à qualidade de vida e bem-estar do indivíduo.

Como a Úlcera Venosa afeta a qualidade de vida dos pacientes?

Por configurarem uma situação crônica, as Úlceras Venosas causam um grande impacto negativo na qualidade de vida de pacientes, que acabam sofrendo com um atraso na cicatrização da pele, seguido de reaparecimento da ferida por, muitas vezes, décadas.

Essa recorrência de feridas pode causar o isolamento social, ansiedade e depressão, particularmente quando as Úlceras são muito exsudativas e dolorosas. Além disso, muitos pacientes ficam incapacitados de trabalhar, sofrendo também repercussões financeiras relacionadas a essas feridas.

Portanto, durante o atendimento nos centros de saúde, é fundamental levar em consideração a saúde mental, bem-estar e qualidade de vida do paciente, empregando, tanto quanto for possível, cuidados gentis e atraumáticos.

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